domingo, 12 de fevereiro de 2012

PSICOMOTRICIDADE NO MUNDO, NO BRASIL E NA ÁREA DA EDUCAÇÃO


UM BREVE HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE

Na fala humana o homem inicia sua fala sobre seu corpo, desde então a psicomotricidade ganha seu espaço e de acordo com a história deste corpo, é o corpo simbólico que está marcado pelas diferentes concepções que o homem vai construindo a cerca de seu corpo ao longo da vida. No final do século XIX, foi preciso nomear zonas do córtex cerebral localizadas além das regiões motoras, que foi desdobrado através de um discurso de domínio médico (neorologia). Entra em campo então, a neurofisiologia, que através de suas descobertas constata-se que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja claramente localizada. Portanto são descobertos distúrbios da atividade gestual e da atividade práxica. Neste contexto foi a necessidade da medicina em encontrar uma determinada área que explicasse fenômenos clínicos que aparece pela primeira vez a palavra Psicomotricidade, no ano de 1970.
No século XVII, Descartes estabeleceu os princípios fundamentais acentuando o dualismo entre corpo e alma. Sendo o corpo o corpo coisa externa que não pensa e a alma uma estrutura pensante.
No ano de 1970, os médicos nomeiam as explicações de certos fatores clínicos, de psicomotricidade, porém, sua primeira pesquisa teve um enfoque puramente neurológico.
Já em 1909, o neurologista francês Dupré afirmou não haver correspondência biunívoca entre a localização neurológica e as perturbações da infância, assim como a debilidade mental a motora.
O pesquisador Wallon em 1925 coloca o movimento humano como instrumento da construção do psiquismo. De acordo com as pesquisas de Wallon, delineia-se o 1º momento do campo psicomotor, que são os momentos do paralelismo e da relação. Neste aspecto o corpo é expresso no movimento e a mente é expressa no desenvolvimento intelectual e emocional.
Em 1935 surge o inovador Guilmain com a reeducação psicomotora, utilizando exercícios para reeducar atividade tônica, atividade de relação e atividade motora. Portanto caracteriza-se por aqui a origem clinico pedagógico da prática psicomotora, no trabalho com crianças instáveis ou com debilidades motoras, que não conseguiam se adequar à sociedade.
Através de Ajuriaguerra, a psicomotricidade em 1947 ganha novas concepções, que a diferencia ainda mais das outras áreas, com especificidade e autonomia não apenas nas terapêuticas motoras, mas também nas alterações psicomotoras funcionais evolutivas.
Uma questão era verificada nas décadas de 40 e 50. Onde o movimento, a motricidade era tida como uma das formas de adaptação ao mundo exterior e a psicomotricidade, a atividade de um organismo total expressando uma personalidade, análise geral do indivíduo, tradução de um certo modo de ser motor, caracterizando todo o seu comportamento.
Prosseguindo em relação à evolução da psicomotricidade, Le Camus (1986) dá uma nova definição: “uma motricidade em relação”, o que, no pensamento de Levin (1995), é onde entra o segundo corte epistemológico, neste caso o olhar não está mais voltado para ao plano motor, mas direcionado a um corpo em movimento. Dessa forma não se trata mais de uma reeducação, mas sim de uma terapia psicomotora. Partindo deste entendimento as contribuições da psicanálise a partir de 1974, integram-se aos interesses teóricos e metodológicos dos psicomotricistas.
O percurso histórico da psicomotricidade marcado pela teoria da psicanálise acaba sofrendo uma grande virada, pois surge então o terceiro corte epistemológico, onde o olhar do profissional não está mais voltado em um corpo em movimento, mas num sujeito cheio de desejos com seu corpo em movimento.
De acordo com alguns pesquisadores norte-americanos foram considerados algumas experiências de espaço e tempo na aquisição motora, por outro lado, foi estudado também o comportamento percepitivo-motor numa visão global de movimento ligada ao desenvolvimento intelectual. Eles acabam por insistir sobre a concepção percepitivo-motora e o papel do desenvolvimento motor no desenvolvimento percepitivo.

O SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL

A psicomotricidade no Brasil foi norteada pela escola francesa.
Na década de 50 alguns profissionais ligados à área de deficiência, começaram a valorizar o corpo e o movimento. Nessa época, em Porto Alegre/RS, foi criado o serviço de educação especial, inserindo no atendimento a Ortopedia Mental e a Educação Física para excepcionais.
Em São Paulo/SP, um psiquiatra e um neurologista enfatizavam o movimento para os processos terapêuticos da criança excepcional.
Em 1951 no Rio de Janeiro/RJ, foi criado o primeiro curso de formação de professores para deficientes auditivos, onde incentivavam através da Educação Físicas, atividades como jogos, dramatizações, mímica, ritmo e dança.
Em Belo Horizonte/MG por volta de 1965, foi criado o trabalho de reeducação psicomotora no Instituto Brasileiro E. Claparede, Instituto Pedagógico.
A partir de 1968 foi difundida a psicomotricidade no Brasil através de cursos em universidades de diversos estados brasileiros.
No ano de 1980 foi fundada a Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora que foi integrada à Sociedade Internacional de Psicomotricidade, sediada em Paris/França.
Através da Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora/SBTP, começa em 1982 a surgir as primeiras publicações na área da psicomotricidade. Seguindo a evolução da psicomotricidade, surgiu em nosso país o primeiro curso de pós-graduação em 1983 e universidades do rio de Janeiro. Desde então, profissionais que começaram a trabalhar com psicomotricidade, procuraram fazer vivências motoras, através de grupos de estudos, então existentes. O contato com o trabalho psicomotor mostrava como era difícil atuar com pessoas portadoras de necessidades especiais, com dificuldades ou pertubações psicomotoras, sem alcançar em primeiro lugar um bom conhecimento de si mesmo.
A Educação Especial Foi o elo de ligação entre o surgimento da psicomotricidade na Europa e no Brasil.
A Sociedade Brasileira de Psicmotricidade, desde os anos de 1980, está presente em vários estados de nosso país, promovendo cursos, seminários e pesquisas, com bons trabalhos científicos, acontecendo vários congressos nacionais com repercussões internacionais.
Atualmente os cursos de pós-graduação nesta área estão bastante acessíveis em todo o Brasil, facilitados inclusive por Intituiçõs de Ensino à distância.

AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

A reeducação psicomotora:
O trabalho da reeducação privilegia a princípio três situações, que são: o alívio do problema, a redução do sintoma e a adaptação ao problema através de jogos e exercícios psicomotores. O reeducador tem que privilegiar a expressão livre, harmoniosa e econômica do corpo, apóia-se na sistematização, no nível de idade e nos riscos.
As práticas reeducativas se resumem em técnicas específicas, exercícios psicomotores, jogos e trabalho direto com o sintoma observado no exame psicomotor e pelas falas.
Existem duas formas de se reeducar, uma diretiva e a outra não diretiva. Na forma diretiva o reeducador tem uma posição de decidir sobre a estratégia e o método a adotar, precisando, portanto, ter uma grande capacidade de escuta e compreensão da criança. Por outro lado, a reeducação não diretiva durante o caminho terapêutico quem escolhe o caminho adequado é o cliente, que se utiliza de materiais. Para concluir o supracitado, uma arquiteto identificado como Laban, diz que cada homem tem seu esforço de base e seu processo terapêutico irá conduzi-lo através da experimentação de esforços que ele não tenha afinidade, modificando com isso a sua psique.

A educação Psicomotora

A educação psicomotora é uma atividade preventiva. Atua através da prática psicomotora no desenvolvimento das capacidades básicas, sensoriais, perceptivas e motoras, sendo direcionada basicamente às crianças ditas “normais” pretendendo favorecer ao máximo, o desenvolvimento psicomotor.
A estrutura psíquica de um sujeito abrange, segundo estudiosos como Freud e Lacan, o consciente e o inconsciente.
Como exemplo tem a fala de Lacan, onde o consciente é o real onde o sujeito vive o lógico, o racional e do ouro lado está o inconsciente como imaginário, gerado dos conflitos das pulsões e da realidade, onde acontecem os processos promários que são; o prazer e o desprazer.
Desta forma nós temos então o “real e o imaginário”. No real, as características são objetivas (racional), já no imaginário, as características são subjetivas, dependentes da problemática de cada indivíduo.

Terapia psicomotora:

Tem como objetivo uma ação diagnóstica dos atrasos psicomotores ou característica da personalidade com a utilização do corpo, com seus movimentos e sua expressividade. Através de uma linguagem pré-verbal, mostram os conflitos e dificuldades na relação do EU/OUTRO/OBJETO a serem resolvidos ou minimizados.
O terapeuta não aborda o sintoma diretamente, ele revive situações passadas através de jogos regressivos, no corpo a corpo através da ludicidade e dos jogos simbólicos, ele trabalha em cima do contexto relacional e afetivo-verbal, corporal, corporal-verbal, vivenciado e estabelecido. O relaxamento também é utilizado como prática terapêutica, assim como atividade livres, lúdicas e ordenadas.

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: ABORDAGEM DA PSICOMOTRICIDADE NOS ANOS 70

Surge a partir da década de 70, o desenvolvimento da criança com o ato de aprender com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando a formação integral do aluno é dever da Educação Física. Esta abordagem progride na educação em detrimento de outras da época por considerar o conhecimento de origem psicológica, que foi influenciada pelo francês Jean Le Boulch. Seguindo nesta linha a psicomotricidade advoga por uma ação educativa que deva ocorrer a partir dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes corporais, favorecendo a gênese da imagem corporal, núcleo central da personalidade.
A justificativa para que as aulas de psicomotricidade fossem incluídas nas escolas era de que a criança toma consciência de seu corpo, da lateralidade, a situação no espaço, a dominação de seus gestos e movimentos. Valorizando ainda, o processo de aprendizagem e não um gesto técnico isolado.

2 comentários:

  1. Olá!! Tudo bem?
    Gostei muito do seu blog. Estou cursando o 8º Período de pedagogia, e dando início á elaboração do meu artigo que escolhi falar sobre a psicomotricidade no ensino fundamental.
    Mas, encontro dificuldades em adquirir um acervo bibliográfico que embase a estrutura do meu trabalho... Você pode me ajudar?

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  2. O SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL.. Queria saber a fonte dessa pesquisa..
    Obrigado

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